Cap. 249
Mesmo a proximidade da lareira não evita que o frio pareça se infiltrar nos ossos dos reclusos na cabana. Cada um dos homens tenta se proteger aproveitando restos de peles de animais e até mesmo os trapos que restam das vestes dos três cadáveres encontrados.
Augustus pega novamente o diário de Champlain e Tex surpreendentemente agradece:
— Finalmente resolver queimar essa coisa!
O delegado ignora a retoma o texto com a história do Windigos:
— Basta! – vociferou a voz nos estômagos dos Windigos. — Não percebem que estão sendo enganados? Por que esses animais levariam vocês até o Grande Espírito?
Percebendo a inquietação causada pelo questionamento, o veado devolve: — A pergunta correta seria por que você, poderosa voz da fome, ainda não guiou seu povo até Ele?
Os Windigos murmuram indecisos e o animal se aproveita para continuar: — Será porque não sabe onde o Grande Espírito mora ou será porque não quer que a fome de seu povo termine, afinal, isso os libertaria de tudo, inclusive de você.
Os sussurros na multidão parecem dar razão ao veado, mas a voz faz um último aviso: — Vocês estão sendo enganados! Eu salvei seu povo quando tudo era gelo e neve. Se seguirem o animal, sairão do meu caminho e não terão mais minha proteção.
O veado instiga: — Não terão ou não precisarão mais?
Vendo a dúvida em seus seguidores, a voz dá vazão à sua revolta: — Se seguirem esse animal maldito, vocês não serão mais meu povo e carregarão minha maldição da fome até que o último de sua raça tombe sem vida. A decisão cabe a vocês.
Temerosos, os Windigos se voltam ao veado que propõe: — Que tal um acordo? Levo vocês até a caverna do grande urso marrom em um dia, depois disso, vocês me sacrificam ao seu protetor magoado como oferta de paz e passam a seguir o urso.
Receosos, mas ainda mais ávidos pela possível recompensa, os nativos decidem seguir o veado.
Um forte vento, parecendo um uivo, passa por todos, causando um enorme frio que começa em suas barrigas e vai subindo por suas espinhas.
Mas a decisão foi tomada e todos começam a seguir o veado.